08 março 2006

Dia da luta pelos direitos da mulher (eu sei q é grande mas leiam sff)

Dia 8 de Março é o dia da mulher. Desde já bom dia a todas as mulheres. E ao resto das pessoas também.

Só tenho uma dúvida (correndo o risco de parecer estúpido ou infantil), há o dia da criança, da mulher, ... e não há nenhum dia do homem? Eu não conheço nenhum, por isso se alguém souber diga quando é.

E já agora, porque é que não há um dia que seja da criança (rapariga), e outro que seja o dia da criança (rapaz). Ou então, seguindo a lógica do dia da criança, devia haver o dia do Adulto, e do Adolescente, e da Pessoa de 3ª idade (mas este acho que já há uma coisa do genero) sem distinção de género.
E se quisermos continuar, do Pré-Adolescente, do Jovem-Adulto, do Quarentão, dos Que Já Tão Mais Para Lá Do Que Para Cá, ...

Aquela atitude machista de que 8 de Março, é o dia da Mulher, e os outros todos, são do homem, também não me convence.

Isto tudo para dizer o quê? Que acredito na igualdade direitos, e se há para uns devia haver para todos. Não ponho problemas a haver o Dia da Mulher mesmo sem dia do homem, principalmente, porque houve uma razão bastante pertinente para a escolha deste dia como dia da mulher. E daí, faz todo o sentido a criação da comemoração.

Apesar disso acho, sinceramente, que em vez de festejar os direitos da mulher e a igualdade, o dia da mulher, evidencia um fosso maior entre os dois, e pior, vangloria a igualdade através de um acto que salienta as diferenças e as desigualdades. Porque se houvesse igualdade, não haiva necessidade de um dia para festejar isso. Entenda-se, poderia haver um dia da Igualdade de Direitos, mas não um dia da Mulher, enquanto símbolo dessa (ainda não atingida) igualdade pela parte delas.

Isto porque, o Dia da Mulher, acaba a expressar uma ideia contraditória: o querer ter direitos iguais, e por isso, querer ter um dia da mulher, o que vai levar a criar uma distinção. O mesmo digo de canais temáticos para mulheres. As mulheres ficam muito contentes por terem um canal que salienta a mulher, e que para elas (de alguma maneira que me escapa) demonstra a igualdade de direitos, por terem direito a um canal. Se ouvesse realmente igualdade, os conteúdos relativos à mulher, deveriam estar incluídos na grelha de um qualquer canal, generalista ou temático. Em vez de segregados para um canal, por razões sociais, temático.

É que, ao mesmo tempo que esse canal "valoriza" a mulher, esse mesmo canal (e essa atitude) são extremamente segregadores, e provas que evidenciam, a falta de igualdade de direitos.
Pior mesmo, é ver o mesmo canal, utilizar o slogan "também para homens", como que evidenciando ainda mais o facto de ser um canal (e mais uma vez, reforço, uma atitude) segregadora. Porque o dito slogan não expressa que, afinal, os conteúdos "para mulheres" também intressam ao homem. A questão ali é o facto de, mesmo acreditando que a criação de um canal para mulheres vai defender os direitos e igualdade das mulheres, até isso, pode ser posto em causa por uma questão de audiências (e diga-se $$). Ou seja, a "nobre" atitude de criar um canal para mulheres, vai por terra, quando valore$ mai$ alto$ $e levantam.

Só para finalizar, gostava de dizer que isto de discutir canais e dias da mulher, não é mais, que discutir a velha questão femininista, do querer direitos iguais aos homens, e quere ver cavalheirismo por parte destes. Cavalheirismo este, que evidencia a desiguldade de direitos, através do conceito de sexo fraco. Ao pretender igualdade, não se pode pedir uma atitude paternalista e protetora, quando conveniente. Ou seja, isso seria dizer que, para o que intressa quer-se igualdade, quando dá jeito, os privilégios sabem muito bem.

Em vez de Dia da Mulher, proponho, "Dia da luta pelos direitos da mulher". Não tem pretenções de simbolizar uma igualdade, que ainda, muito visivelmente, não existe. E por isso mesmo, é menos dúbio e leva a menos confusões, e não permite este tipo de intrepertações [as minhas]. A mesmo tempo, não cria este tipo de contradições, para quem realmente se preocupa e quer lutar pelos direitos e a igualdade de direitos das mulheres (e dos seres humanos num sentido global).

1 comentário:

Pedro Morgado disse...

Excelente texto!