18 maio 2006

Este poema...

...é aqui posto no seguimento de algumas coisas que me foram sendo sugeridas por várias pessoas, no sentido de mostrar as coisas que escrevo. Mais recentemente essa sugestão foi-me feita pela Elipse. Por isso aqui fica um poema meu. Espero que gostem, e acima de tudo quero criticas (e não têm de ser simpáticos, quero criticas a sério). Elipse (e não só), quero um comentário teu.

O poeta é noctívago,
Corre na noite.
Mas não na noite das boites,
De luzes e música alta.
Na noite enquanto entidade escura
Domínio da Lua e das estrelas.
São essas as únicas luzes que ele vê.
E quanto à música,
Nada melhor que o silêncio da noite,
Para pensar e reflectir.
Para se inspirar.
O poeta não gosta da noite das boites.

A Lua corre-lhe nas veias
E sente-se melhor de noite,
Identifica-se com ela.
Ele pensa melhor no escuro.
A visão é mais clara de noite
E a introspecção mais fácil no silêncio.
Os silêncios da noite são vários
E ele ouve-os e sente-os a todos.
São eles que lhe segredam ao ouvido
As palavras que depois escreve.

O escuro não ofusca, clarifica,
De noite vê-se mais e melhor.
Os brilhos escondem a verdade
Mas de noite nada brilha,
Só a Lua brilha,
Ela e as estrelas lá muito longe.
A realidade mostra-se como é de noite
Sem máscaras ou fingimentos.
De noite reina a verdade
E o poeta gosta da verdade,
Por isso o poeta gosta da noite.

Mas o poeta gosta acima de tudo da Lua.
Sente as fases da Lua
Como os batimentos do seu coração,
E sente a falta dela
Como da sua respiração.
A Lua inspira
Gera criatividade, gera vida.
O Sol dá vida, mas a Lua é vida.
É a vida para o poeta,
É a vida do poeta.
O poeta corre na noite e inspira-se.
É na noite que ele expressa o que sente,
Que ele expressa a Lua.
Só na noite ele é inteiro
Quando é uno com a Lua,
E sem ela, ele não se sente completo.
01-05-2006
Rui

5 comentários:

Elipse disse...

Parabéns pela coragem... vês que não custa nada?
Claro que depois gostamos de saber como é que os outros nos leram.
Ora bem: o conteúdo é de poeta, fazes uma análise dos efeitos da noite e de tudo o que lhe está associado e aí és completo naquilo que a noite te diz a ti e a muita gente. Gosto do conteúdo. Mas ao dizê-lo não estás a fazer poesia, estás a escrever um texto em prosa poética. Repara que podia ter ficado com outra forma e não perdia a essência. Falta-lhe, quanto a mim, uma linguagem mais metaforizada, menos descritiva, mais solta, menos contínua. Não sei se é isto... nem sei se me faço entender. Diz-me.
Eu também não sei fazer poesia, faço uns ensaios e quando leio Pessoa ou mesmo Herberto Helder ou Eugénio de Andrade... até a mão se me paralisa porque depois daquilo parece que não se pode dizer mais nada...
E olha... o que é a verdade?
Já te deixei um mote para o próximo texto, pode ser?

rui-son disse...

Obrigado pela critica. Eu percebo o que dizes, as várias coisas.
Quanto ao facto de não ser poesia gostava de dizer que tenho consciencia disso, independentemente de o título do post dizer "poema". Muitas vezes o que faço é isso mesmo, escrever em texto corrido, como prosa poetica. Mas há alturas, não sei dizer bem porquê, se por uma questão da apresentação do texto, de facilitar a leitura, ou se por causa do tema, prefiro apresentar os textos sob esta foram, sob a forma de poema. Este é um desses casos.

Vamos ver se escrevo então um texto com a verdade como mote.

ivamarle disse...

Andas muito profíquo em termos de escrita e não te tenho lido como devia, tudo por causa dos desenhos.Mas amanhã redimo-me e vou ler tudo o que deixei passar, excepto o que se referir a futebol, sorry mas não há pachorra:-) .
eu sei desenhar mãos e rostos e tudo isso, não o faço é nos desenhos de estilismo, pois o que importa evidenciar é a roupa; gosto de desenhar as coisas o mais perfeitas possível e no caso dos rostos e mãos, que têm imensos pormenores, prefiro fazê-lo "a propósito", e não como ficariam nestes casos, levianamente tratados.Beijos!

ivamarle disse...

não consegui sair sem ler esta última edição.Gostei muito da tua escrita e dou razão à Elipse, é uma prosa poética e só lhe falta ser mais metafórica e solta. Por vezes a prosa leva-nos à poesia, outras não.Mas gostei das tuas palavras e entendi o sentimento que quiseste transmitir, acho que isso é o mais importante!!Continua, estou a gostar.

ivamarle disse...

xiiiii!!!!agora sou eu que peço desculpa!acho que me expressei mal: eu sou uma mera aprendiz de desenhadora e aceito todas as críticas, não me quero arvorar de perfeição, pois devo ser a pessoa mais imperfeita que conheço.Compreendi perfeitamente o que disseste e tens toda a razão, e por favor não peças desculpa, pois nada tens a ser desculpado; isto são meras conversas que temos de escrever, em vez de falar e por vezes a escrita torna as coisas mais "pesadas" do que realmente são.Tá tudo numa boa, por favor continua a fazer os teus reparos que são sempre construtivos.Obrigada!!