26 setembro 2006

Equipe maravilha

Dia 27-04-06 (Qui)
Era só coisas estranhas, para se entrar nas instalações da AGERE é preciso deixar lá o BI, o carro para entrar foi preciso pedir ao homem para deixar entrar e ele ficou lá com a matricula...
Depois o caminho da entrada até ao canil parecia muito complicado, vira ali, desce escadas acolá, contorna jardinzinho… e depois basta seguir os latidos e ladradelas.Depois de alguém (não digo como se chama, mas foi a sub-chefa) me ter feito esperar mas quase 45min (e de me ter feito chegar atrasado a uma consulta por isso) lá tive o meu primeiro contacto com a realidade do canil e o trabalho enquanto voluntário. Fiquei de ir experimentar no sábado.

Dia 29-04-06 (Sáb)
Confusão enorme no canil! Tudo cá fora, todos os cães cá fora (presos entenda-se), montes de gente, era o dia da desinfecção. Mal cheguei puseram-me logo a lavar boxes com a Dina (que ao inicio não me pareceu assim muito simpática), depois a passear cães. E foi aí que a Sílvia deixou de gostar de mim, porque ela queria passear o Sancho mas puseram-me a mim a passeá-lo. E nunca mais foi com a minha cara... ;)

Ainda quiseram pôr-me aos domingos, mas eu preferi as segundas. À hora (sim Vitor, porque os acentos neste tipo de "As" são para este lado) a que se almoça cá em casa aos domingos ia chegar sempre tarde. E à segunda dava-me mais jeito.

Dia 01-05-06 (Seg)
A minha primeira ida ao canil já como voluntário (um tanto ao quanto atadinho, admito). O primeiro dia é sempre estranho, ainda se faz muito pouco, está-se com os cães, ajuda-se em algumas tarefas mais básicas,… (claro que não demorou muito tempo a fazerem de mim burro de carga, mas eu até nem me importo).

Depois comecei a ter mais responsabilidades. Mandavam-me ir buscar coisas que eu não fazia a mínima ideia de onde estavam (e às vezes nem sabia o que eram), mas demorando mais ou menos tempo eu lá me arranjava. E aos poucos vai-se começando a fazer mais coisas, conhecer mais pessoas, decorar os nomes (essa parte sempre muito complicada para mim), participando em campanhas, e acima de tudo, a parte mais importante de todas. Cada vez se vai gostando mais daquele trabalho, cada vez mais se sente o espírito ABRA a correr no sangue. E depois nunca mais se quer outra coisa.
A sensação que trazemos ao sair o canil ao fim do dia (e não falo da fome de quem nem lanchou, nem do cansaço) ultrapassa tudo o resto. Faz nos sentir que fizemos algo de importante, com significado, algo que nos preenche por dentro, e que dá à nossa vida mais algum significado.
Eu tento passar para palavras a sensação mas é complicado, só mesmo sentindo. Sentindo todo o trabalho, todos os altos e baixos. Vibrar ao ver as fotografias de um dos nossos meninos que foi adoptado e está lindo e com um aspecto feliz. Sentir a tristeza por todos aqueles que não podemos salvar. Mas continuar sempre a lutar e trabalhar para dar o nosso melhor.

Já não se vê nem se pensa da mesma maneira. Tem-se muito mais consciência daquilo porque os animais passam. Sente-se sofrimento e as pequenas alegrias de maneira diferente. Vibra-se ao ler as notícias nos jornais sobre o nosso trabalho, e fica-se chateado com todas as incorrecções. E vibra-se muito mais ainda quando se vê a nossa associação no jornal da noite da SIC!!!

Isto tudo é melhor ainda quando os companheiros de batalha são tão fantásticos como estes. Não querendo desprezar ninguém tenho de mandar uns beijos e uns abraços muuuuuuuuuuito grandes a 3 pessoas que são muito importantes para mim. Vocês sabem quem são, mas aqui ficam os nomes, a tola da presidenta da Lili (vou ter saudades da boleia, mas principalmente de tudo o resto), o paparazi do Vítor (vais ter de arranjar quem te segure nos animais agora para tirar as fotos, se bem que ache que nunca fui muito bom nesse trabalho) e a minha companheira de limpeza do gatil, a atrasada da Paula (como és boa pessoa e trabalhadora a gente até te desculpa o chegares sempre tarde). Foi com estas 3 pessoas que comecei a desenvolver o meu espírito (e trabalho enquanto) ABRA. Um muito obrigado a todos, gosto muito de vocês.
Infelizmente as aulas não me deixam continuar a ir ao canil com vocês, mas vamos continuar na mesma causa e vamo-nos vendo nas campanhas e noutras alturas. E claro, sempre que tiver oportunidade de ir a uma segunda-feira apareço por lá para vos chatear. Porque uma vez membro da Equipe Maravilha, para sempre membro da Equipe Maravilha! Isto aqui é assim, eu não deixo que me substituam! Eheheh ;)

Há mais uma pessoa a quem tenho de agradecer, já quase me esquecia, à mãe da Adriana. Porque foi graças a ela que eu estou aqui. Ela estava numa aula de pintura a contar que a filha trabalhava no canil e chamou-me logo a atenção. Informei-me com ela e depois procurei o site da associação.
Nunca pensei na altura foi que ia estar aqui a chorar na altura em que tivesse de mudar de dia de ir ao canil. Mas isso acho que é mesmo porque vocês são mesmo fantásticos (como diria o Vítor).

E pronto, chega de lamechices por hoje.
Um abraço e um beijo muito grandes para vocês os 3.

22 setembro 2006

Vidas II


Vivia para lá do arco-íris, na montanha que cortava os céus como uma espada. Sonhava com dragões e com fadas, e esperava que o seu príncipe chegasse um dia. A vida sempre a aborrecera, por isso procurava encontrar novas aventuras. O pai achava-a irresponsável, mas não, era simplesmente jovem. Jurava ter sido visitada por um fauno um dia, que queria ser seu amigo. Ninguém acreditara nela e o fauno nunca mais voltara.
Prometera à irmã que um dia a levaria a ver a terra do lago, onde se dizia viver as sereias. Mas para já nem do castelo podia sair. E aí crescia, enquanto esperava pelo dia em que fosse adulta e pudesse fazer tudo o que queria, ou pelo menos assim pensava.

Vidas I


Ela usava um chapéu preto. Descia os degraus suavemente, com cuidado. Pensava em cada passada como se fosse uma etapa diferente da sua vida. Mais um degrau, mais uma adeus sentido, mais uma fase da vida que encerrava para sempre no coração e aí guardaria até ao dia em que a cabeça lhe falhasse.

Um braço esticado para o corrimão, a mão a sentir pela última vez as emoções gravadas na textura da madeira ao longo dos anos. A outra mão, forte, segurava a carteira junto ao peito, onde trazia as recordações que não queria perder. Recordações que trazia presas ao coração.

O ranger da madeira debaixo dos pés parou quando desceu o último degrau. Então o som dos tacões baixos a bater no chão de mármore ecoou pela casa enchendo os corredores largos e vazios com uma melodia de compasso débil.

A casa estava vazia agora. Era demasiado grande para a sua alma solitária, e de qualquer maneira as pernas já comprometiam o sobe e desce rotineiro. Sabia que era a última vez que descia aquelas escadas. Ainda assim o que a incomodava não eram as suas limitações, nem a despedida do berço que partilhara durante tantos anos, mas sim a falta de vida na casa.

Abriu a porta para o jardim. Trazia um chapéu preto e um véu da mesma cor cobria-lhe o rosto. Segurava uma flor branca junto à carteira, uma prenda que levava para quem tinha abraçado durante tantos anos. Não valia a pena olhar para trás, tinha a imagem que veria gravada na memória. Desceu o degrau do alpendre, mais uma fase que encerrava para sempre no coração.

18 setembro 2006


São várias as razões que me têm mantido afastado daqui, muito trabalho e campanhas por causa da ABRA, coisas para resolver por causa da universidade (o inicio de ano é sempre a mesma coisa), etc... Mas mesmo assim tive tempo para ir ver o "Cats" ao Coliseu do Porto, e posso dizer que gostei muito. Recomendo a quem tiver oportunidade para ir ver, vale mesmo a pena. Ainda por cima para um adorador de gatos como eu.

Não posso dizer que vá regularmente ao teatro, mas é uma coisa de que gosto bastante, muito diferente do cinema. Sentir as pessoas ali em cima do palco, em vez de ver só o reflexo delas no ecrã. Ouvi-las a todas e a cada uma, e uma coisa que na minha opinião aproxima imenso os actores de teatro do público, o som do bater dos pés dos actores no chão de madeira do palco. Não sei explicar porquê mas sempre foi uma coisa que me fascinou no teatro, a sensação de que as pessoas estão tão perto de nós que até ouvimos o som dos pés no soalho de madeira por baixo deles. Uma ligação e proximidade destas, tipicamente do teatro, não se compara ao cinema ou televisão.

Não querendo com isto desvalorizar o cinema, porque também sou grande fã de cinema, mas há um calor diferente no teatro.

13 setembro 2006


Diz-me o que vês quando olhas para mim porque já não reconheço o meu reflexo no espelho. A imagem que vejo é distorcida, encoberta pelo fumo que me envolve.

Vês as veias à flor da pele? Eu vejo-as mas já não sinto o sangue a correr dentro delas.

Gostava de me soltar de mim. Ver-me de fora, ver-me como tu me vês. Ver o que não vejo ou não quero ver em mim.

Parte de mim morre para que algo nasça. E durante este meu pequeno voo de Fénix o fumo da última explosão não me deixa ver o começo da nova chama. Por isso diz-me tu, que vês para lá dos fumos e dos fogos. Que vês quando olhas para mim?

Ainda sei quem fui, mas quem sou só saberei quando o fumo dissipar e puder ver o meu reflexo de novo.

11 setembro 2006


Depois de um Verão todo em casa, quando vou passar uns dias à praia fico doente. Pois foi, nem do moreno me posso gabar porque passei metade dos dias em casa. Isto é que é azar...

O que intressa é que estou de volta. E tenho tanto para ler...

01 setembro 2006

Quando todos voltam eu vou


Depois de escrever sobre o mar é agora tempo de ir eu ter com ele. Não que aprecie a companhia da areia, nem tenho uma relação muito profunda com o mar, mas faz sempre bem mudar de ares. Espero voltar com força e energia renovadas, para os novos trabalhos que me propus, e para aqueles de sempre.

Vou ver sete pores-do-sol à beira mar e depois regresso. Desculpem não parar nos portos do costume neste tempo, mas prometo pôr a leitura toda em dia quando voltar. Se tiver como vir aqui, que duvido, eu apareço.

Aproveito para agradecer a todos por me visitarem, espero encontrar-vos todos outra vez quando voltar. Abraços e beijos, e um sincero obrigado.