Retirado do baú...
Os exames acabaram nem há uma semana e para a semana já começam as aulas. Estava eu nas arrumações de pré inicio de aulas quando desencantei uns quantos textos antigos. Uma coisa é certa, já naquela altura escrevia uma poesia que tinha mais de prosa poética que de poésia. Mesmo assim queria deixar aqui um texto, é da altura do meu nono ano... mas é sempre bom recordar.
Queria ainda agradecer à Elipse duas coisas. Primeiro por me ter dado coragem de expor aqui os meus textos. Em segundo lugar por me ter sugerido escrever em prosa poética, que já era o que eu fazia apesar d tudo, só que sem o saber. Um sincero obrigado Elipse, e um beijo deste teu aluno adoptado.
Quem sou eu?...
Cara cortada,
Riscos profundos que escorrem
Desde os meus lindos olhos até...
Que lâmina poderá fazer isto?
Que coisa é esta que me marcou tanto?
Amor? Não!
Amor não corta, queima!
A paixão também queima,
Que foi então?
Coração aberto,
Sangrando lágrimas!
Como é possível?
Que coisa tão terrível foi
Para me deixar assim...
Neste estado de dor...
Tenho agora a certeza, não foi amor.
Olhos inchados,
Tão vermelhos que eles estão,
E porquê?
Quem me pôs assim?
Algo mais terrível que o próprio diabo!
O que foi que eu fiz, o quê?
Quem sou eu?
Garganta seca arranhada,
Porquê? De cantar?
Não, não ficava assim!
De amar?
Não, pois ninguém me ama a mim.
Só pode ser de cantar,
Que mais poderá ser?
Que mais...
Não sei mas,
Se cantasse, talvez estivesse mais feliz...
Meu deus!
Agora percebi!
Já sei quem sou,
Sou a Tristeza,
Tenho a cara cortada
Porque as lágrimas tristes a cortaram.
Coração aberto, sangrando lágrimas,
De quem não ama nem é amado.
Olhos inchados,
De chorar por ti,
Mas quem és tu?...
A garganta, seca e arranhada,
De te chamar,
De gritar o teu nome para que todos o ouçam,
De te invocar a todas as horas,
De te querer ter,
A ti, só a ti!
Para te partilhar com todos!
Minha querida,
Felicidade!
Depois de passar este texto vejo que há tantas coisas que mudaria se o reescrevesse. Talvez um dia reescreva... mas achei mais importante partilha-lo assim como o escrevi, sem qualquer alteração. Por muito que me tenha custado não mudar algumas coisas...