24 abril 2006

As pessoas que se escondem atrás das colunas

Eu não gosto das pessoas que se escondem atrás das colunas! Não gosto mesmo! E para que me percebam, eu passo a explicar. Já deve ter acontecido a todos vocês. Ir a andar na rua, num sitio qualquer com colunas, quer seja uma arcada, uma zona de lojas por baixo de uns prédios, não interessa. Pode até só haver uma coluna, isto acontece sempre. Há sempre alguém que se esconde atrás da coluna!

E que quero dizer com isto? Quando vamos a andar, no meio ou ao lado das colunas, vamos vendo as outras pessoas aparecer e desaparecer por entre as colunas. É normal. E com isso não tenho problema. Agora porque é que há sempre alguém que se esconde atrás da coluna?? Porque é que há sempre alguém que vem, do outro lado das colunas, a andar exactamente à mesma velocidade que nós, e que durante todo o caminho fica tapado pela coluna? É que não adianta, andando à mesma velocidade, a pessoa fica sempre tapada. Mesmo quando a distância que nos separa é apenas a largura da coluna, quando bastava esticar o braço para chegar-lhe, mesmo assim, nunca vemos a pessoa. É por isso que não gosto das pessoas que se escondem atrás das colunas!

Fico sempre a pensar, e se aquela pessoa, que ficou tapada pela coluna, era aquela com que eu ia passar o resto da minha vida? E se agora nunca mais a vir? Se tiver perdido aquela que seria a única oportunidade de a conhecer? Única, e agora porque não a vi, a última que alguma vez vou ter? Não é frustrante? Para mim é. Às vezes ainda tento, normalmente em vão, ver pelos reflexos das montras das lojas, nem que só numa sombra e de relance, a pessoa que se esconde atrás da coluna. Ver se sinto no meu coração que aquela era realmente aquela pessoa para mim. Mas em vão... quase sempre em vão…

Mas tive uma ideia! E se, de cada vez que isto acontece, parássemos de andar, para deixar que a outra pessoa saísse de trás da coluna. Não podíamos parar os dois, ou ficávamos na mesma os dois tapados pela coluna (Malditas colunas!!). Não. Tínhamos de abrandar, ou mesmo parar, ou então andar a velocidades diferentes, não interessa. O importante era, quando nos apercebêssemos que alguém estava escondido atrás da coluna, fazíamos por ver a pessoa. Nem que fosse só trocar uns olhares, por uns segundos, desde que a víssemos. Assim já não ficávamos com dúvidas.
E se um dia depois encontrássemos a pessoa dizíamos, "Tu eras a rapariga de trás da coluna! Lembras-te de mim? Do outro lado da coluna?". Não era maravilhoso? Não era romântico?

Mas porquê que a colunas têm de ser tão insolentes? Estúpidos blocos de betão armado, revestidos de azulejos ou pintados! Infames destruidores de primeiros encontros! É por isso que não gosto de colunas! Nem das pessoas que se escondem atrás das colunas! Não se deviam construir colunas!

NÃO GOSTO DAS PESSOAS QUE SE ESCONDEM ATRÁS DAS COLUNAS!!!

3 comentários:

ivamarle disse...

ora bem: vendo isto pelo outro lado, tu também estás escondido atrás da coluna, não é? não são só as colunas, são todas as pérfidas paredes que nos tapam o sol ou os rostos, que nos impedem o caminho e o cobrem de sombras deformadas...

Elipse disse...

às vezes são as nossas mãos que lançam o betão e o transformam em colunas espessas.

Anónimo disse...

intiresno muito, obrigado